quarta-feira, 13 de novembro de 2013

LIGAÇÃO LINS / ZONA SUL: 106, 442, S09 E SE232

Fazendo uma retrospectiva, a tão menosprezada (pelas autoridades) ligação entre o Lins de Vasconcelos e a Zona Sul tem um bom histórico de mais de cinqüenta anos, num histórico que teve uma fase acidentada nos anos 90.

Tudo começa com a linha 106 Lins / Urca, naquela codificação pré-1964 que foi operada pela ETAL - que teve o nome "vago" de Empresa de Transportes Auto Ônibus Ltda. - , que chegou a colocar na linha o incômodo "cavalo mecânico", estranho precursor dos ônibus articulados. Mais tarde falaremos dele, mas dá para perceber o drama que seria dobrar as ruas Cabuçu e Caimbé, no Engenho Novo, com um monstrengo desses.

Vale lembrar que a linha 106 foi mencionada pelo jornalista Joaquim Ferreira dos Santos no livro "Feliz 1958: O ano que não devia terminar".

Mas veio o governo de Carlos Lacerda e todo o debate em torno do transporte coletivo carioca, que era problemático em 1961. A partir desse debate, vieram propostas e um projeto de reformulação do sistema foi implantado em 1963. Em 1964, quase todas as linhas cariocas mudaram o código, só permanecendo uma, que falaremos depois.

Com isso, a 106 virou 442. Depois a linha passou da ETAL para a Viação Méier, que colocou os lindos monoblocos O-352 da Mercedes-Benz. Isso na segunda metade dos anos 60. Mas uma imposição do governo da Guanabara, de que as empresas de ônibus não poderiam, cada uma, ter menos de 120 carros, fez a Méier ser absorvida pela Rodoviária Âncora Matias, que assumiu a linha com êxito, colocando, ao longo do tempo, Metropolitana Ipanema II, Marcopolo Veneza II e Condor nos modelos de 1981 a 1984.

Vale lembrar que, ainda com a Méier, foi criada uma variante da 442, 443, que passou pelo túnel Santa Bárbara.

Todavia, a 442 foi extinta, sem motivo para tal. A linha era rentável e funcional. Consta-se que a associação de moradores da Urca, querendo privacidade, mandou extinguir algumas linhas a mais que o bairro residencial - mas que foi sede de um grande cassino, depois usado para sediar a TV Tupi Rio - , e aí dançou até uma linha da CTC que ia a princípio para São Conrado e depois para a Alvorada, a 500. Só foram poupadas a 107, para a Central, e as circulares 511 e 512, que atendem ao Jardim Botânico, Leblon, Ipanema e Copacabana.

A Matias, no entanto, acabou ganhando fama de corta-linhas, porque havia acabado com a 604 Lins / Engenho Novo. Foi em 1983, quando a Matias pegou da Santa Maria a linha 249 Água Santa / Tiradentes, que virou uma de suas linhas-âncoras (olha o trocadilho com o nome). A Matias ativou a 605 Lins / Rodoviária (que passa pela Boca do Mato e pelo Riachuelo), mas depois extinguiu a linha, forçando a má fama.

Aí veio a linha S09 Lins / Leme, como um paliativo para os órfãos da 442. Numa cena do filme "Os Normais" (o longa-metragem), aparece no engarrafamento um ônibus da Matias com a placa creditando "232 Lins de Vasconcelos / Leme" na lateral).

Mas a nova linha foi benéfica porque, embora evite entrar na Urca, pega boa parte do percurso da 442 entre a Praça XV e a Zona Sul. A S09 também difere da 442 porque, do contrário desta, não passa em Saens Peña e Estácio, pegando quase todo o percurso da 232, indo direto à Av. Alfred Agache ao invés de ir à Rio Branco como a linha-mãe.

Por último, a S09 foi renumerada em 2010 como SV 232, depois de rumores de que ganharia o código 443. Mas vamos ver se o ramal Lins / Zona Sul se fortaleça e que essa ligação viária se estabilize.








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