Fazendo uma retrospectiva, a tão menosprezada (pelas
autoridades) ligação entre o Lins de Vasconcelos e a Zona Sul tem um bom
histórico de mais de cinqüenta anos, num histórico que teve uma fase
acidentada nos anos 90.
Tudo começa com a linha 106 Lins / Urca, naquela codificação
pré-1964 que foi operada pela ETAL - que teve o nome "vago" de Empresa
de Transportes Auto Ônibus Ltda. - , que chegou a colocar na linha o
incômodo "cavalo mecânico", estranho precursor dos ônibus articulados.
Mais tarde falaremos dele, mas dá para perceber o drama que seria dobrar
as ruas Cabuçu e Caimbé, no Engenho Novo, com um monstrengo desses.
Vale lembrar que a linha 106 foi mencionada pelo jornalista Joaquim
Ferreira dos Santos no livro "Feliz 1958: O ano que não devia terminar".
Mas veio o governo de Carlos Lacerda e todo o debate em torno do
transporte coletivo carioca, que era problemático em 1961. A partir
desse debate, vieram propostas e um projeto de reformulação do sistema
foi implantado em 1963. Em 1964, quase todas as linhas cariocas mudaram o
código, só permanecendo uma, que falaremos depois.
Com isso, a 106 virou 442. Depois a linha passou da ETAL para a
Viação Méier, que colocou os lindos monoblocos O-352 da Mercedes-Benz.
Isso na segunda metade dos anos 60. Mas uma imposição do governo da
Guanabara, de que as empresas de ônibus não poderiam, cada uma, ter
menos de 120 carros, fez a Méier ser absorvida pela Rodoviária Âncora
Matias, que assumiu a linha com êxito, colocando, ao longo do tempo,
Metropolitana Ipanema II, Marcopolo Veneza II e Condor nos modelos de
1981 a 1984.
Vale lembrar que, ainda com a Méier, foi criada uma variante da 442, 443, que passou pelo túnel Santa Bárbara.
Todavia, a 442 foi extinta, sem motivo para tal. A linha era
rentável e funcional. Consta-se que a associação de moradores da Urca,
querendo privacidade, mandou extinguir algumas linhas a mais que o
bairro residencial - mas que foi sede de um grande cassino, depois usado
para sediar a TV Tupi Rio - , e aí dançou até uma linha da CTC que ia a
princípio para São Conrado e depois para a Alvorada, a 500. Só foram
poupadas a 107, para a Central, e as circulares 511 e 512, que atendem
ao Jardim Botânico, Leblon, Ipanema e Copacabana.
A Matias, no entanto, acabou ganhando fama de corta-linhas, porque
havia acabado com a 604 Lins / Engenho Novo. Foi em 1983, quando a
Matias pegou da Santa Maria a linha 249 Água Santa / Tiradentes, que
virou uma de suas linhas-âncoras (olha o trocadilho com o nome). A
Matias ativou a 605 Lins / Rodoviária (que passa pela Boca do Mato e
pelo Riachuelo), mas depois extinguiu a linha, forçando a má fama.
Aí veio a linha S09 Lins / Leme, como um paliativo para os órfãos da
442. Numa cena do filme "Os Normais" (o longa-metragem), aparece no
engarrafamento um ônibus da Matias com a placa creditando "232 Lins de
Vasconcelos / Leme" na lateral).
Mas a nova linha foi benéfica porque, embora evite entrar na Urca,
pega boa parte do percurso da 442 entre a Praça XV e a Zona Sul. A S09
também difere da 442 porque, do contrário desta, não passa em Saens Peña
e Estácio, pegando quase todo o percurso da 232, indo direto à Av.
Alfred Agache ao invés de ir à Rio Branco como a linha-mãe.
Por último, a S09 foi renumerada em 2010 como SV 232, depois de rumores de que ganharia o código 443. Mas vamos ver se o ramal Lins / Zona Sul se fortaleça e que essa ligação viária se estabilize.
Há pelo menos cinco anos não vejo essa linha rodar aqui no Leme.
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